quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

DEZ ENCONTROS

Encontrei você dia desses e, em minhas loucas contas, parecia ser o nono.
Te mostrei a vista da minha sala, mas, ainda não pude te ver me vendo.
Te levei à uma viagem longa, mas, não pude viajar seu sonho.
Encontrei você no dia que não risquei do calendário e agora me perdi no tempo.
Te levei pra cama e, num transe, dormi com o filho que nunca pude ter.
Te levei pra festa, mas, seu suor me embaçou o ver.
Encontrei você no acaso do desencontro, no ocaso da minha dor.
Porque será que não conto o décimo?
Porque só os milésimos me fascinam?
Se te encontrei em milênios, porque você não vê a minha vista?
Se te encontrei em dia claro, porque não decolo minha aeronave?
Se vou te perder no longe, porque insisto em olhar o breve?
Por quantas vezes terei que estar dentro de ti para te enxergar?
Por quantas vezes terei que te iludir pra me incendiar?
Por quanto tempo sua boca sôfrega ainda irá me inebriar?
Sempre tive encontros rápidos em dias longos.
Sempre medi intensidades como se medem paredes.
Hoje, descobri que, contigo, a regressiva conta não conta mais,
a progressiva já não me apraz.
Tive nove e viraste o décimo milhar de dez encontros.