- Eu vou voltar a lhe dizer, moço. Eu não faço mais essas coisas, nem com tu me pagando. E preste atenção numa coisa, eu já me deitei com quase tudo quanto é homem destas redondezas e com muita mulher também. Se eu quisesse cobrar por alguma coisa, eu cobrava era por isso.
- Olhe moça, eu não vim aqui pra ofender não. Eu tô é lhe pedindo por favor.
Baixou a cabeça e, como se a entregasse ao carrasco da guilhotina, teve um ataque de choro que quase o fez perder a respiração.
Beatriz, a quem a emoção poucas vezes tivera a oportunidade de alcançar, estendeu a mão e segurou o rosto do homem.
Venâncio era de uma cidade que distava a uns cem quilômetros dali. Era moço bonito, de seus trinta e poucos anos, rosto quadrado, cabelos pretos e corpo talhado pelo trabalho árduo. Trajava naquele dia uma calça jeans apertada que lhe moldava as coxas grossas e esculpia o tamanho de seu membro, mesmo que essa, nem de longe, fosse a sua intenção.
Beatriz tomou a mão direita do estranho que começava a intrigá-la e se pôs a fitá-la como se dali pudesse extrair passado, presente e futuro, numa mistura que sua mente torpe começou a não mais compreender. Nascimento, vida e morte começaram a se embaralhar diante de seus olhos, numa dança que sua simplicidade sequer podia acompanhar. Apertava-lhe a mão e percebeu que esta começou a sangrar, tal como se afligida por um estigma.
Foram mais de trinta minutos que só cessaram porque o céu se abriu numa tempestade incomum por aquelas bandas. Em pouco tempo, o sol escaldante deu lugar a um cinza poucas vezes por ali visto. As poucas árvores pareciam bailar ao toque do vento forte e as gotas pareciam pedras de água tal qual o estalido que faziam ao tocar o solo.
Encharcados, Beatriz e Venâncio saíram, mãos dadas, sangue ainda a escorrer e meteram-se na primeira construção abandonada que puderam avistar.
- Me desculpe, moça. Eu acabei fazendo você ficar encharcada.
Beatriz aproximou-se e, sem palavra alguma, arrancou num só puxar a camisa ensopada de Venâncio. Aproximou-se mais e ele lhe rasgou o vestido com a mesma ânsia. As mãos de Beatriz, acostumadas ao trabalho rápido com braguilhas, logo seguravam o membro duro de seu mais novo amante.
Pela primeira vez, o pau que lhe adentrava a boceta úmida causava-lhe arrepios e prazeres com que nunca pudera sonhar.
Fuderam como poucos durante toda a tempestade e, ao anoitecer, ainda mantinham seus corpos grudados, suados, como se assim sempre o fora.
(continua)