sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

As Horas


Tenho ponteiros ajustados dentro de mim
que correm apressados pra chegar ao mesmo ponto.
Imagino que, nesse giro incansável, a vida passa,
pessoas nascem,
pessoas morrem,
países são invadidos,
pessoas choram,
crianças brincam,
carros passam velozes,
bombas explodem,
amores nascem de beijos,
paixões implodem corpos quentes,
casais brigam,
amantes se afastam,
o Papa treme,
e os ponteiros correm.
Nesse tempo em que escrevo rápido
o que a mente já conhece,
pessoas dançam,
meninos dormem,
homens trabalham,
acontecem partos e partidas.
Os ponteiros se cruzam
como que tentando se parar.
Mas o tempo gira,
corre como que sobre supersônicos trilhos.
O paradoxo das horas
é que os mesmos seres que
inventaram os ponteiros
não tem poder de as parar.
Pessoas explodem vivas,
a CNN está no ar
e o cansaço das horas
me faz dormir.

Um comentário:

Friendlyone disse...

Impotentes seres vivos-mortos. Tenho medo dos ponteiros, mas sei que nunca vou poder pará-los mesmo.