domingo, 18 de maio de 2008

Não julgarás

Julgou ter comprado flores, mas, em setembro,
percebeu ser mato o que havia no vaso da soleira.
Julgou ter matado a sede, mas, em fevereiro,
percebeu ser tóxica a bebida que o viciara.
Julgou saber muito sobre tudo, mas, nos
meses seguintes, percebeu ser tão tolo quanto os demais.
Julgou ter matado os peixes em seu aquário, mas, com
a vinda dos novos, percebeu que os antigos
é que haviam matado à sí próprios.
Julgou ter tempo para todos, mas, com as mensagens
acumuladas em sua caixa postal, percebeu ser um só.
Julgou fazer demasiado bem, mas, em dezembro, percebeu
ser nada o que julgara ter feito.
Julgou ter amado demais, mas, lhe chegando o grande amor,
percebeu não saber amar.

13 comentários:

Joice Worm disse...

Ai Beto, que legal. Uma boa maneira de explicar o atraso de uma visita. Adorei cada frase, mesmo achando que quando percebemos as nossas falhas, afinal é o momento da descoberta do que realmente fomos ou fizemos. Momento este, super importante!

Beto Mathos disse...

Você é sempre linda em seus comentários, em seus textos, divagações e poemas.
Grande beijo!

Dauri Batisti disse...

Percepções de si mesmo, ótimas ou ruins, acabam por fazer bem.

Sonzeira do Dia disse...

Amado... Eu finalmente descobri onde fica o menu de recados...
Depois não digam que eu não aprendi nada... JA aprendi o caminho rs

Te amo muito!
Um beijo!

Assim que sou disse...

Mas, afinal, o que sabemos se não apenas a certeza de que somos sempre escravos do não saber. Não raras vezes vivo a angústia de querer saber e em sabendo, entender. Outras, nem mesmo me preocupo e acho até que o não saber é um benção libertadora.
Dúvidas, certezas........vida, enfim.

Gosto demais do nome de seu blog.

bjs. Veronica

Jacinta Dantas disse...

E a gente passa a vida buscando se conhecer, e quando pensa que achou o caminho, descobre que ele, ele mesmo, o caminho, está todo a nossa frente para ser percorrido. Que bom!
Um abraço

PS: É moço, eu fico sempre muito encantada com as "suas letras"

Anônimo disse...

Como sempre... tocante! reconhecer-se depois de uma tempestade qualquer, ou uma de uma crise, importante ou não, sempre marca, marca mas vale a pena. Muito bom, amei seu texto, tem um toque de Drummond. abraço querido.

Rubens da Cunha disse...

ano todo contemplado num belo poema

abraços

Friendlyone disse...

Significativo!

Momento em que a ficha cai e a gente, como diz a Sil, "acorda pra cuspir"!

Dauri Batisti disse...

passei aqui de novo.
Abraços.

Joice Worm disse...

Quanto mais leio, mais percebo a tristeza de descobrir a verdade de certas coisas...

Camilla Tebet disse...

A sua verdade, suas percepções do que fez, meses depois, dias depois. O texto é lindo, tocante e forte, mas ,me fez pensar em quanto julgamos à nos mesmos. O quanto somos duros com nossas tentativas e isso desenboca em achar que não sabe amar. Já pensou? quem usa as palavras como vc, já está amando.
Um beijos, parabéns pelo post e obrigado pelas lindas visitas. São luzes.

Germano Viana Xavier disse...

Pois é, meu caro Beto, erro é julgarmos o tempo.

O tempo é um ser que desconstrói, que está sempre mudando.

Somos fracos diante dele.
Melhor a espera e o cálculo mais brando.

Abraços de novo, meu caro.
Avisa quando postar texto novo.

Germano