quinta-feira, 15 de maio de 2008

Virtualidades

rapaz_solteiro entra na sala...
sozinho fala para rapaz_solteiro: olá, boa noite
rapaz_solteiro fala para sozinho: blz, de onde?
sozinho fala para rapaz_solteiro: centro
rapaz_solteiro fala para sozinho: legal, eu tb
sozinho fala para rapaz_solteiro: o que vc procura?
rapaz_solteiro fala para sozinho: procuro nada, não. perdi nada
sozinho fala para rapaz_solteiro: boa essa, nunca tinha ouvido
rapaz_solteiro fala para sozinho: brincadeira, to procurando um cara bacana, sensível, etc
sozinho fala para rapaz_solteiro: achou então
rapaz_solteiro fala para sozinho: rs
sozinho fala para rapaz_solteiro: qual a graça?
rapaz_solteiro fala para sozinho: resposta incomum
sozinho fala para rapaz_solteiro: fone?
rapaz_solteiro fala para sozinho: cedo prá isso, não?
sozinho fala para rapaz_solteiro: talvez, mas se queremos a mesma coisa....
rapaz_solteiro fala para sozinho: tá bem, anota aí ....
sozinho sai da sala
rapaz_solteiro sai da sala

...

- Alô!
- Olá, achei que não ligaria.
- Pois é, também achei que não deveria, mas, enfim, estou ligando...
- Que bom. Difícil encontrar pessoas legais numa sala de bate-papo.
- É verdade!
...
Conheceram-se, namoraram-se e um belo dia resolveram morar juntos.
Amaram-se, compraram um carro, viajaram, fizeram amigos comuns,
separaram-se e, um dia, na mesma virtualidade, voltaram a se conectar.

13 comentários:

Lua em Libra disse...

Beto,
sobre todas as coisas, tua escrita é um soco na calmaria da barriga descansada da gente. Gosto disso. É real, verdadeira, sem rodeios desnecessários. Também fui no outro blog e lembrei da Simone. Mas lembrei dela cantando: "Há almas que têm as flores secretas as portas abertas sempre pra dor..." Bom vir aqui. :-)

aluaeasestrelas disse...

É, como disse Cecília: "tua escrita é real, verdadeira". Nos leva para mundos diferentes e tão reais, próximos daquilo que somos e vivemos. É por isso que é forte. É por isso que fica.
Bjos.

Plinio Uhl disse...

Rapaz, valeu pela visita. Mto bom seu texto. Mais um que vai virar favorito na minha lista.

abração!

Camilla Tebet disse...

Seguinte, no dia certo, na hora certa (uma da manha) vc falou sobre o que eu estava cá pensando: a simplicidade do amar. Vc trabalhou seu texto com tanta naturalidade, que as virtualidades ficaram verdadeiras demais para darem errado. Deram certo enquanto duraram. Simples. Simples. Amar é escrever assim: é o que é e acabou. Conheceram-se, namoraram-se e um belo dia resolveram morar juntos.
"Amaram-se, compraram um carro, viajaram, fizeram amigos comuns,
separaram-se" - olha isso... assim é o amor, de poucas linhas com muita história. Ameu o post de verdade.

Anônimo disse...

Voltaram a se conectar é para ser entendido como coltaram a ficar juntos ou voltaram para a virtualidade? Não importa, você escreve como poucos, como os loucos que vêem poesia até onde ela não existe.

Anônimo disse...

Bacana o texto!
Praticamente um esquete.
Obrigada pela visita, e volte sempre ao meu blog!

Jacinta Dantas disse...

Ei Beto,
que história mais gostava para se escutar. Até porque, contada por você, nessa dinâmica bem-humorada, só podia terminar em risos. Amei.

RENATA CORDEIRO disse...

uantos poemas e todos lindos! Também escrevo e traduzo baiscamnete poemas de várias línguas.
Convido-o a dar uma passada pelo meu blog:
wwwrenatacordeiro.com/
não há ponto depois de www
Um abraço,
renata

Oliver Pickwick disse...

É o Brokeback Mountain urbano. Um trabalho singular.
Um abraço!

Anônimo disse...

Interessante. Muito criativa sua idéia de criar esse diálogo quase impossível numa sala de bate-papo. Diferente, parabéns.

Dauri Batisti disse...

Beto,
muito bom o texto. Assim, no seu recorte, o comum de um bate-papo se tornou especial, poesia.

Friendlyone disse...

Fala lindão! 12345 fechou, heim?!!! Ficou muitíssimo bom! Cheio de criatividade.

Beijos!

:-)))

Joice Worm disse...

Bom demais! Aqui em Espanha, os amigos existem e se namoram. É super natural. São espíritos e não corpos. Beijo para ti da Joice, Beto!