segunda-feira, 17 de março de 2008

A LETRA NO CORPO (penúltimo capítulo)


Escuridão. Essa é minha concepção da morte. Um grande e imenso vazio escuro onde permanecemos por um tempo indefinido, até que uma grande luz venha e nos arrebate para o lugar que não nos é permitido conhecer, senão neste sagrado momento.
Fitava impassível o rosto daquela mulher e recordava cada momento passado junto a ela. Minha mente se transformara, por instantes, em uma louca máquina do tempo onde flores e jardins se misturavam a cheiros de cevada e bolos de carne. Lembranças de domingos alegres.
- Vamos?
- Sim, me distraí por instantes.
- Vamos passar por isso juntos.
- Obrigado por estar ao meu lado.
A resposta foram seus braços me envolvendo e, só nesse instante, me dei conta de que ainda não chorara. O fiz com a mais sofrida dor, enquanto as mãos de Igor me acariciavam os cabelos.
- Tenho medo!
- Não tenha! Estou contigo.
Caminhamos abraçados como que migrando para um lugar diferente, ao pôr do sol de setembro.
Agora podia entender o porquê de minha tia manter em sua casa, após anos, todos os pertences de seu amado e falecido marido.
A cada gaveta remexida, uma lembrança. A cada lembrança um sorriso ou uma lágrima. Assim, juntei todas as coisas de minha mãe e as levei ao asilo de Rostov.
Igor conseguira um trabalho no campo, trabalhava na colheita de trigo. Nossos turnos diferentes não nos deixava restar muito tempo para estar juntos. Mas, quando estávamos, o tempo parecia parar, o mundo parecia não ter fim.


To be continued...

7 comentários:

Luciana Cecchini disse...

Me reporto aos cenários descritos com uma facilidade imensa. Como num deslizar desses sentimentos impressos. Mas fiquei triste... Jura que já tá acabando???

Bjo.

Friendlyone disse...

"...me dei conta de que ainda não chorara..."

Às vezes as coisas acontecem de uma forma que a gente esquece de chorar... isso já aconteceu comigo e é muito bom se encontramos um ombro amigo para chorar tudo...Seja amigo ou amante...whatever!!!

Jacinta Dantas disse...

Neste capítulo, fiquei com os olhos grudados no girassol, que para mim, com todo esse explendor e encantamento, simboliza a passagem pela porta na qual não contamos com o outro para atravessar. Mas o girassol, não sei...esse eu acho que estará lá.
Menino, seu texto flui com uma leveza que me faz entrar na história e me sentir parte dela.
Um abraço
Jacinta

Anônimo disse...

Bitcho...
ombro amigo?
Fiquei pensando nisso...
ombros hão q ser impermeáveis,
né? Fora suporte se modelagens e braços alheios, estão ali pra torrente de paixões, né não?
Ah se ombros fofocassem !!!
Tb não gostei de pré-epílogo:
Alexei nem ensaiou o 'pato atropelado', ainda. Pow!!!
Jacinta q vou tomar esporro...

Anônimo disse...

olha o q eu tive q
ler e digitar,
3 cervejas depois:
qxiufoyw
Divinhou???

bjs,
saci

Anônimo disse...

I could write lots of words here, but I don't really know what to write. Just want you to be sure that I'm always by your side and I'll always stand by you as much as you need!
I'm your friend and love you darling!
Be Happy!

Warley

Dauri Batisti disse...

Estou passeando entre a pena e a letra. Um abração.