segunda-feira, 14 de abril de 2008

Devaneio


Abri minha janela e um cavalo alado entrou por ela.
Metade bicho, metade homem.
Doce como a mais aprazível das fêmeas,
voraz como o mais lascivo dos machos.
Tocou minha face e disse palavras numa língua
que não pude compreender,
uma profecia, uma maldição talvez.
Beijou sofregamente meus lábios,
tocou meu corpo com a precisão de um deus.
Arrancou sensações que minha
adolescência jamais sonhara existir,
gozos que nenhum mortal pôde provar.
Deixou em mim o seu cheiro,
sua marca tatuada em minha pele e partiu.
Talvez para o universo onde os seres fadados
à dúbia interpretação vivam em paz.
Quisera fosse um sonho, mas, ainda hoje,
o seu cheiro me vêm à pele,
seu desejo me tortura nas madrugadas
em que louco procuro o outro que devaneia.

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