sexta-feira, 25 de abril de 2008

Verbos

Escrevo poemas que você não sabe ler.
Invento teoremas que você não consegue desvendar.
Te conto sonhos que, quisera, você soubesse interpretar.
Te levo prás ruas onde você não pode caminhar.
Entro em sua alma e você não sente o meu transportar.
Saber, conseguir, poder, sentir.
No princípio eram os verbos
e os verbos eram meus.
E os verbos estavam comigo.
E os verbos eram extensão de mim no infinito
do meu mundo.

6 comentários:

Paco Steinberg disse...

Caramba.

Como é que eu passei tanto tempo da minha crise existencial sem ler isso?

Anônimo disse...

o verbo e o não-verbo entrechocam-se e é desse atrito que nasce a compreensão.
não entender é não querer ver

fique a vontade pra voltar em meu blog
:}

Jacinta Dantas disse...

Ei Beto,
seus poemas sempre me fazendo refletir. E nesse, reflito que mais que ser ou se ter verbos, é ele, o Verbo, o Ser que é. E em sendo, o verbo é sempre ação. E sendo ação, eu sou, sendo, sentir,poder,conseguir,saber, amar...sabendo, conseguindo, podendo, sentindo, amando. Coisas do verbo.
Beijos
Jacinta

Luciana Cecchini disse...

Simples e profundo. Um paradoxo de sentir e ser. Você faz isso como ninguém, Beto!

bjo,

Luci:)))

Thalita Covre disse...

Muito bom, moço.

Anônimo disse...

nossa que lindo! bem construído, bem arranjando, não sei se foi sua intenção mas achei interessante a alusão que fez ao gênesis, realmente interessante, brilhante.