domingo, 8 de junho de 2008

Vôos

Você me disse que tinha asas
e eu te deixei voar.
Você me disse que tinha casa
e eu te deixei mudar.
Você me disse que tinha um navio
e eu te deixei navegar.
Você me disse querer ver o outro mundo
e eu te deixei viajar.
Você me disse que nunca voltaria
e eu te deixei voltar.
Você me disse que não mais partiria
e eu fui tolo em acreditar.
Agora você volta de asas quebradas,
sem lar, sem navio e sem passagem.
E eu?
O que faço agora que aprendi a voar sozinho?
Agora que pintei a casa de vermelho e branco,
agora que colei seus postais marítimos no painel do escritório,
agora que fui à Europa,
agora que deixei de acreditar,
agora que voltei pra mim,
agora que sou ateu.

14 comentários:

Luciana Cecchini disse...

Beto, como sempre, demais!

"O que faço agora que aprendi a voar sozinho?
Agora que pintei a casa de vermelho e branco,
agora que colei seus postais marítimos no painel do escritório,
agora que fui à Europa,
agora que deixei de acreditar,
agora que voltei pra mim,
agora que sou ateu."

Há perdas que só trazem ganhos.

Lua em Libra disse...

Forte, meu caro. Ainda sob impacto, aqui. Alguém anotou a placa?

Beijos, boa semana

Oliver Pickwick disse...

Na dor, um novo nascimento. Radical e armado até os dentes.
É uma poesia intensa e criativa, muito criativa.
Um abraço!

P.S.: Estou de volta depois de uma maratona intensa de trabalho e de sucessivas viagens. Desculpe a ausência temporária.

RENATA CORDEIRO disse...

ENTRE A CANETA E A PENA VÃO SAINDO POEMAS. POETA, PRECISO DA SUA AJUDA. Preciso da sua ajuda. A USP vai publicar as resenhas de filmes que faço aqui. Mas, para tanto, preciso dos comentários. Sem comentários, não há publicação.
wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não há ponto depois de www
Um beijo e o aguardo,
RENATA MARIA PARREIRA CORDEIRO

Anônimo disse...

Se ainda houver amor... cole as suas asas! Ajude-a novamente a voar... quem sabe assim possas (re)descobrir o prazer de perdoar?

Belo, profundo, intenso, o teu poema, amigo!

Deixo flores e estrelas enfeitando o teu sonhar, e um beijo no coração!

Mikaela Gomes disse...

bom poema!!!
adorei!!!
bjusss!!!!

Jacinta Dantas disse...

E quando a gente aprende a voar sozinho, fazemos o nosso tempo de reorganização. Depois, é só se deixar aberto para outros amores, reinventando o jeito de amar, até mesmo com o antigo amor. Mas com o amor renovado.
Eita que você escreve bonito e eu fico aqui, divagando nas suas paixões.
Abração

Plinio Uhl disse...

se alguém ler suas palavras em voz alta, o que sai é música.

abs!

Friendlyone disse...

"... Mas agora que a vida deu um salto, eu vou saltar..."

Pra mim é mais ou menos isso.

Realmente...Uma das coisas mais belas que você já escreveu!

Beijos.
Há braços!
:-)))

Anônimo disse...

Muito bom.
Vou dar um Ctrl C Ctrl V aqui...

Abraços

Camilla Tebet disse...

Ué, e agora? Agora querido poeta, mantenha sua casa vermelha, seus postais na parede, mantenha-se ateu pela sua própria saúde e depois disso veja se tens espaço pra deixar mais alguém entrar. alguém que disse que podia tudo, vai saber????

RENATA CORDEIRO disse...

É, aprender a ser sozinho é uma arte. Poucas pessoas conseguem fazê-lo. Não consigo ficar sozinha. Sem namorado, consigo, mas preciso de gente à minha volta, porque sou meio deprimente. Gostaria de aprofundar o nosso conhecimento. Vamos trocar mais recados, ok?
Fiz um post em intenção de uma amiga. Passe lá, leia-o, e se achar que merce comentário, deixe-o.
wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não há ponto depois de www
Um abraço, amigo,
Renata

Anônimo disse...

Pesado e lindo!

Fragmentos de Elliana Alves disse...

Parabéns te encontrei no overmundo e vim te visitar,adorei seu blog e suas postagem,bjsssss e boa noite!!!